domingo, 24 de maio de 2015

Capela de Santo Ignacio: Obra 1 - Steven Holl

Capela de Santo Ignacio




A Capela Santo Inacio foi construída entre 1994 e 1997, na cidade de Seatlle, EUA. Está localizada na Universidade de Seatle e é a descrição da missão da universidade, referindo-se também à visão da vida espiritual de Santo Inácio, compreendendo muitas luzes e trevas interiores, chamados de consolações e desolações. Esta construção é claramente a essência do autor e sua obra está representada por uso de um cubo fragmentado através da modulação do espaço e da luz.
A relação com o lugar estabelece-se através do seu lado cultural, do significado ou simbolismo do novo edifício, no contexto do campus universitário. Do ponto de vista urbanístico, o edifício da capela, isolado e rodeado de relvados, forma um ponto muito central, o que ajuda a reforçar seu significado simbólico.
Holl refere-se às diversas nacionalidades presentes da Universidade e aos exercícios espirituais dos jesuítas para justificar o uso de diferentes cores de luz que formam um todo, ao unirem-se no espaço da igreja, unificada, por sua vez, por uma caixa de pedra, na verdade construída de concreto.
O projeto de Steven Holl para a Capela San Ignacio ganhou um prêmio de design no Instituto Americano de Arquitetos de Nova York, e o modelo da capela foi selecionado para fazer parte da coleção permanente do Museu de Arte Moderna de Nova York.
A Capela foi focada nas necessidades espirituais dos alunos. As contribuições dos estudantes foram fundamentais para o processo de design e, de acordo com Holl, o resultado foi “um projeto que seria à frente da procura, mas ancorado ao passado.”
Concepção:
A concepção parte de um desenho de sete garrafas, cada uma com uma cor e com formas e orientações diferentes, que emergem de uma caixa de pedra. Os volumes correspondem a diferentes espaços interiores, organizados de acordo com o programa do culto católico.
   O autor trabalha com a analogia com o próprio conceito de garrafa - um contendor aberto no topo superior, geralmente em vidro colorido, com forma variável - e tira partido de sua variedade formal e cromática para relacionar as garrafas com as ideias de multiplicidade e de unidade, uma complexa relação entre esquemas gráficos e breves, e sintéticos apontamentos escritos.
  Através do uso de lentes e de campos em que utiliza cores complementares, Steven explora a teoria da cor de Goethe: “ao fixarmos o olhar prolongadamente numa flor amarela e seguidamente, olharmos para um fundo neutro iremos ver aparecer sua cor complementar, o azul”.
  Como a parte oculta dos planos que quebram a entrada da luz para o interior do espaço está pintada com a cor complementar à respectiva lente, o jogo goethiano de cores corre também com a luz artificial noturna. 
A capela possui uma implantação processional destinada ao rito dos jesuítas. Entra pelo pátio, contorna piscina, acessa a capela, passa pelo átrio e batistério e atinge a sala cerimonial.
Em elevação os ambientes se traduzem em uma série de volumes tangentes de formas distintas, iluminados do alto com orientações diferentes de acordo com a função do espaço. 

1 - Entrada - Procissões
2 - Nártex
3 - Batistério
4 - Nave
5 - Altar
6 - Capela do Santíssimo Sacramento
7 - Coro
8 - Sanitários

Luz:

As grandes claraboias parecem procurar a luz captada, onde a nave principal da igreja surge como uma enorme carcaça, repleta de detalhes desenhados pela luz natural e pela luz artificial
Além disso, a projeção de luz colorida para o exterior, em várias direções, é um dos principais objetivos do projeto, já que é a noite que ocorrem os principais serviços religiosos na capela universitária.
  À noite, as aberturas de vidro da cobertura projetam a luz colorida para os espaços exteriores do campus, luz essa, que se reflete e vibra através do espelho d’água.
Semelhança:
Tendo como inspiração a Capela Notre-Dame-du-Haut, ou Ronchamp, são claras as semelhanças, principalmente em relação à colocação das aberturas e aos efeitos de luz no interior. Tais efeitos, são nítidas recordações dos poderosos efeitos lumínicos usados historicamente nas igrejas, desde a Idade Média.


Fenomenologia:
De fora, a capela tem uma forma simples, retangular, e em seu interior, a capela entrega surpresas, cores e luzes que criam formas e marcam espaços através de comportamentos não convencionais.
O cenário muda de acordo com o movimento do sol e a depender da hora do dia, diferentes composições cromáticas refletem nas paredes e no piso da capela. Captar essa dinâmica, apenas é possível adentrando o espaço. Para quem está longe, restam os registros fotográficos que mais se assemelham a pinturas abstratas.
Ocorre a utilização metafórica da luz, o que, nesse caso, a luz nos remeterá para um significado que está para lá da própria luz, nesse caso, a luz é cor. Há a irregularidade, com volumes que se viram em diversas direções, com diferentes aberturas na cobertura.



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