Capela de Santo Ignacio
A
relação com o lugar estabelece-se através do seu lado cultural, do significado
ou simbolismo do novo edifício, no contexto do campus universitário. Do ponto
de vista urbanístico, o edifício da capela, isolado e rodeado de relvados,
forma um ponto muito central, o que ajuda a reforçar seu significado simbólico.
Holl
refere-se às diversas nacionalidades presentes da Universidade e aos exercícios
espirituais dos jesuítas para justificar o uso de diferentes cores de luz que
formam um todo, ao unirem-se no espaço da igreja, unificada, por sua vez, por
uma caixa de pedra, na verdade construída de concreto.
O
projeto
de Steven Holl para
a Capela San Ignacio
ganhou um prêmio de design no Instituto Americano de Arquitetos de Nova York, e
o modelo da capela foi selecionado para fazer parte da coleção permanente do
Museu de Arte Moderna de Nova York.
A
Capela
foi focada nas necessidades espirituais dos alunos. As contribuições dos
estudantes foram fundamentais para o processo de design e, de acordo com Holl, o
resultado foi “um projeto que seria à frente da procura, mas ancorado ao
passado.”
Concepção:
A
concepção parte de um desenho de sete garrafas, cada uma com uma cor e com
formas e orientações diferentes, que emergem de uma caixa de pedra. Os volumes
correspondem a diferentes espaços interiores, organizados de acordo com o
programa do culto católico.
O autor
trabalha com a analogia com o próprio conceito de garrafa - um contendor aberto
no topo superior, geralmente em vidro colorido, com forma variável - e tira
partido de sua variedade formal e cromática para relacionar as garrafas com as
ideias de multiplicidade e de unidade, uma complexa relação entre esquemas
gráficos e breves, e sintéticos apontamentos escritos.
Através do uso de lentes e de campos em que
utiliza cores complementares, Steven explora a teoria da cor de Goethe: “ao
fixarmos o olhar prolongadamente numa
flor amarela e seguidamente, olharmos para um fundo neutro iremos ver aparecer
sua cor complementar, o azul”.
Como a parte oculta dos planos que quebram a
entrada da luz para o interior do espaço está pintada com a cor complementar à
respectiva lente, o jogo goethiano de
cores corre também com a luz artificial noturna.
A
capela possui uma implantação processional destinada ao rito dos jesuítas.
Entra pelo pátio, contorna piscina, acessa a capela, passa pelo átrio e
batistério e atinge a sala cerimonial.
Em elevação
os ambientes se traduzem em uma série de volumes tangentes de formas distintas,
iluminados do alto com orientações diferentes de acordo com a função do espaço.
1 - Entrada - Procissões
2 - Nártex
3 - Batistério
4 - Nave
5 - Altar
6 - Capela do Santíssimo Sacramento
7 - Coro
8 - Sanitários
Luz:
As
grandes claraboias parecem procurar a luz captada, onde a
nave principal da igreja surge como uma enorme carcaça, repleta de detalhes
desenhados pela luz natural e pela luz artificial
Além
disso, a projeção de luz colorida para o exterior, em várias direções, é um
dos principais objetivos do projeto, já que é a noite que ocorrem os principais
serviços religiosos na capela universitária.
À noite, as aberturas de vidro da cobertura
projetam a luz colorida para os espaços exteriores do campus, luz essa, que se
reflete e vibra através do espelho d’água.
Semelhança:
Tendo
como
inspiração a Capela Notre-Dame-du-Haut, ou Ronchamp, são
claras as semelhanças, principalmente em relação à colocação das aberturas e
aos efeitos de luz no interior. Tais efeitos, são nítidas recordações dos
poderosos efeitos lumínicos
usados historicamente nas igrejas, desde a Idade Média.
Fenomenologia:
De
fora,
a capela tem uma forma simples, retangular, e em seu interior, a capela entrega
surpresas, cores e luzes que criam formas e marcam espaços através de comportamentos
não convencionais.
O
cenário muda de acordo com o movimento do sol e a depender da hora do dia,
diferentes composições cromáticas refletem nas paredes e no piso da capela.
Captar essa dinâmica, apenas é possível adentrando o espaço. Para quem está longe, restam os
registros fotográficos que mais se assemelham a pinturas abstratas.
Ocorre
a utilização metafórica da luz, o que, nesse caso, a luz nos remeterá para um
significado que está para lá da própria luz, nesse caso, a luz é cor. Há a
irregularidade, com volumes que se viram em diversas direções, com diferentes
aberturas na cobertura.
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